Vírus causa tumor raro em guaxinins nos EUA

Cientistas não acreditam em contágio em humanos e em animais domésticos

Guaxinins
Guaxinins foram vistos vagando à luz do dia, aproximando-se dos seres humanos e caindo inconscientemente, geralmente com sinais de sofrimento neurológico (Thinkstock)
Um vírus desconhecido está sendo apontado como a causa de tumores muito raros encontrados em guaxinins no Norte da Califórnia e no sul de Oregon, nos Estados Unidos. Também conhecidos como racuns, os guaxinins foram vistos vagando à luz do dia, aproximando-se dos seres humanos e caindo inconscientemente, geralmente com sinais de sofrimento neurológico. Segundo os cientistas, nunca nada do gênero havia ocorrido com esses animais. Mas, tranquilizam os cientistas, não há razões para se pensar num contágio aos humanos.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Novel Polyomavirus associated with Brain Tumors in Free-Ranging Raccoons, Western United States


Onde foi divulgada: periódico Emerging Infectious Diseases


Quem fez: Florante N. Dela Cruz, Federico Giannitti, Linlin Li, Leslie W. Woods, Luis Del Valle, Eric Delwart, and Patricia A. Pesavento


Instituição: Universidade da Califórnia, Estados Unidos


Dados de amostragem: 52 guaxinins


Resultado: Dez dos 52 guaxinins foram diagnosticados com câncer relacionado ao ainda desconhecido poliomavírus.
A pesquisa foi feita por um grupo de patologistas, virologistas, veterinários e ecologistas interessados ​​em padrões de doenças infecciosas nos humanos com conexão com a vida selvagem. Uma amostra de 52 guaxinins foi necropsiada entre março de 2010 e maio de 2012 no Laboratório de Segurança Alimentar e Saúde Animal da Califórnia e, em dez deles, foram diagnosticados tumores, que cresceram a partir do nariz e se estenderam para o cérebro.
"Nós supomos que o poliomavírus está contribuindo para a formação dos tumores. Mas não acreditamos que haja risco para qualquer outra espécie e, de fato, o tumor é raro em guaxinins", informou Patricia Pesavento, professora de Patologia Anatômica da Universidade da Califórnia, que também declara não haver risco de infecção a humanos.
Segundo ela, os guaxinins não estão em extinção e são mortos muito mais por atropelamento de carros do que por esta forma desconhecida de poliomavírus, que faz parte de um grupo de vírus conhecido por causar uma forma rara de câncer de pele em humanos, e tumores em outros animais, entre eles ratos e pássaros. 
Nômades - De acordo com o estudo, os guaxinins em áreas geograficamente afetadas têm um estilo de vida nômade e suburbano. Eles usam linhas de água e esgoto para viagens e estão presumivelmente expostos a urina, lixo, toxinas e patógenos ambientais, incluindo o poliomavírus, que tem sido detectado em amostras brutas de esgoto em todo o mundo. "Nós estamos tentando ver se o impacto humano nos guaxinins está contribuindo para a formação do tumor. É uma questão difícil de responder, considerando o stress, a poluição e o espaço compartilhado entre pessoas e guaxinins", disse Patricia ao site de VEJA.
É também possível que o vírus seja um patógeno oportunista sinalizando algum problema mais profundo em guaxinins, como surtos de sarcoma de Kaposi, um outro tipo raro de câncer que prospera no sistema imunológico comprometido de pessoas com aids, sinalizando o início da epidemia do HIV. Mas segundo a professora Patrícia Pesavento, ainda é cedo para saber a razão da doença. "Temos que descobrir a causa para podermos saber como ajudar", relatou.

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